segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pequenas práticas de saberes II...

É possível criar uma ontologia particular sem citar a Tradição com base na música, no teatro e na poesia, bem como na literatura.

Segundo Nietzsche, a tarefa do saber é: “ver a ciência sob a ótica do artista, mas a arte sob a ótica da vida”. É a dialética entre a Tradição(História) e a Ruptura(indivíduo). Foucault é filho dessa cultura que não precisa pressupor a História para desenvolver a estrutura lógica de seu pensar.

É sabido por todos que, após as duas grandes guerras mundiais, a razão como modelo único entra em crise porque não atendeu as necessidades básicas que levam o homem ao progresso. “A razão é a imperfeição da inteligência”, segundo Tomás de Aquino, pois, fora quem melhor compreendeu a modernidade da modernidade.

A modernidade fracassou por duas maneiras: a pretensão de um estado nação assumir o controle do mundo com a queda do muro de Berlim; depois, com a Física quântica, derrogando a razão positivista que acreditava esquadrinhar todas as coisas, inclusive o átomo.

O Racionalismo frustra a modernidade como também a desigualdade social mundial, isto é, com o desenvolvimento econômico sustentado das nações.

O grande pecado da modernidade foi espiritualizar o material e materializar o espiritual, tornando o consumismo a sua marca fundamental.

Massificação e sociedade de consumo são as razões do capitalismo.

A ciência não foi capaz de dar estabilidade e segurança social frente às imprevisibilidades do futuro. Não é suficiente para integrar o homem à cultura que lhe é própria. Newton e Descartes são as duas pernas com as quais andamos. Newton com a gravidade universal e Descartes com o Método.

Sendo assim, ciência e razão nos conduziram a sofrimentos e a desorientações pela garantia de um progresso tecnológico. Não foi capaz de sanar a sede de saúde, paz mundial, importância antropológica, política, social e histórica. Frustrou as perspectivas de progresso no século XX.

Edgar Morin nos ensina que o dever principal da educação é armar cada um para o combate vital à lucidez.

Do séc. passado recebemos a lição de que “não sabemos tudo de nada”. Lutamos contra nossas pretensões bélicas, econômicas e racionalistas, mas nos esquecemos de promover o bem-estar social, ecológico, político sustentado pelo mundo a fora.

Daí, passamos por uma devastadora crise de paradigma. Os modelos educacionais ou até do próprio conhecimento não dão conta das exigências complexas por que passa a humanidade.

“O conhecimento do mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital. É o problema universal de todo cidadão do novo milênio: como ter acesso às informações sobre o mundo e como ter a possibilidade de articulá-las e organizá-las? Como perceber e conceber o Contexto, o Global ( a relação todo/partes), o Multidimensional, o complexo? Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo, é necessária a reforma do pensamento”(Edgar Morin, in Sete Saberes necessários à Educação do Futuro, pág. 35).

Para Morin, a Reforma é paradigmática e, não, programática. Uma educação que fomente a nossa aptidão para organizar o conhecimento.

Aqui é o ponto: Estamos inseridos numa sociedade altamente tecnológica informatizada, onde a Educação precisa mais do que nunca incluir esses valores para tentar responder as expectativas dos alunos e de uma nova compreensão de mundo. Todavia, como unir velocidade de informações e conteúdos via Internet/meios tecnológicos com a capacidade do aluno introjetar/refletir essas mesmas informações? Ou será que a educação está formando sujeitos de desejos ao invés de sujeitos reflexivos?

Uma alternativa ou uma das alternativas para indicar saídas é favorecer a atividade da arte e da filosofia na Educação, ou seja, implementar ações educativas complementares: jogos; filmes; jornal; teatro; música. Tudo isso unido ao poder da reflexão para possibilitar a descoberta de talentos críticos que contribuam na construção de valores e de preservação do meio ambiente.

A conseqüência de tudo isso foi o nosso afastamento de uma vida contemplativa(razão) para nos familiarizar, agora como nunca, com uma vida ativa, interativa audiovisual e lúdica. O desencanto da razão levou-nos ao encanto da música e dos jogos, isto é, do entretenimento midiático. Eis, no entanto, o desafio: educar toda essa massa humana advinda da cultura do entretenimento para as escolas. Se quisermos impactar crianças, adolescentes e jovens com a Educação basta oferecermos a música e o esporte nesse processo, e depois, formar indivíduos reflexivos, cuja meta é a multiplicação dessas práticas de saberes.


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

www.umasreflexoes.blogspot.com

www.chegadootempo.blogspot.com

www.twitter.com/filoflorania

Pequenas práticas de saberes...

Segundo a tendência racionalista, herdada de Descartes e Spinoza, prevalece o inatismo, pelo qual o sujeito que conhece seria o pólo mais importante no processo do conhecimento.

Conforme a tendência empirista, iniciada com Bacon, Hume e Locke, o sujeito que conhece é passivo, recebendo de fora – da experiência – os elementos para a elaboração do conteúdo mental.

Tais pressupostos de uma educação moderna são oriundos dos conceitos clássicos de Educação:

“A educação deve dar ao corpo e à alma toda a beleza e perfeição de que são capazes”(Platão) – idealista.

“Não há nada na inteligência que antes não se tenha passado pelos sentidos”(Aristóteles) – realista.

As quais se fundamentam num problema antiquiquíssimo, chamado de APORIA: No séc. VI – V a.C., Parmênides disse que nada pode mudar; que, por isso mesmo, as impressões dos sentidos não são dignas de confiança.

Já Heráclito, na mesma época, disse: que tudo se transforma(“tudo flui”) – “panta rei”; que as impressões dos sentidos são confiáveis.

Assim, muitos tentavam, assustadoramente, solucionar o impasse entre razão e sentidos.

Empédocles afirmava que ambos têm razão, pois a água pura será água pura por toda a eternidade e a natureza está em constante transformação. Ele acreditava que a natureza possuía ao todo quatro elementos básicos, também chamados por ele de raízes. Estes quatro elementos eram a Terra, o Ar, o Fogo e a Água. Supera, assim, a dicotomia com uma belíssima síntese entre o imóvel e o móvel, entre o ser e devir.(séc V a.C.).

Immanuel Kant, por sua vez, conhecia muito bem tanto os racionalistas quanto os empiristas e concordava com ambos: o mundo seria exatamente como nós o percebemos, ou como se mostra à nossa razão? Para Kant, não importa o que possamos ver, sempre perceberemos com as “formas da sensibilidade”. Isto significa que podemos saber antes de experimentar alguma coisa, que vamos experimentá-la como fenômeno no tempo e no espaço. Somos incapazes de tirar os óculos da razão!(séc. XVIII d. C.).

Conforme Maria Lúcia de Arruda Aranha, a Educação é um processo que se caracteriza por uma atividade mediadora entre sujeito e objeto, no seio da prática social global.

A Pedagogia é a necessidade sistemática de tornar a prática social global mais eficaz, a fim de definir os fins a serem atingidos.

A Filosofia da Educação acompanha reflexivamente os problemas educacionais.

As Ciências da Educação propõem processos de ensino(sistemas) mais sofisticados que superam o mero empirismo em educação.

As pequenas práticas de saberes supõem tudo isso que dissemos até agora, na medida em que o educador luta contra qualquer tipo de generalização.

Segundo Foucault na Microfísica do Poder, o educador precisa ser um pensador engajado em um trabalho crítico de seu presente, de si mesmo, buscando, por meio da genealogia e da arqueologia as rupturas e descontinuidades que engendram as imagens que temos de nós mesmos, dos outros e do mundo.

Os saberes são fragmentados, compartimentados, enquadrados nas específicas exigências dos indivíduos, por isso mesmo práticos e pequenos que penetram na singularidade da vida.

Parece-me que fora Nietzsche, na segunda metade do século XIX até meados do século XX, a desencadear essa nova modalidade de pensamento. Não segue necessariamente uma escala contínua e progressiva da estrutura do Pensamento, pois rompe com a Tradição para voltar às fontes, às origens da tragédia humana(Dionísio e Apolíneo), a fim de valorizar nossas potencialidades enquanto artistas de pensar o próprio pensamento. Acontece assim, uma ruptura do patrimônio histórico do pensamento humano.


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poesia o "rosto" que lembra a Filosofia de Lévinas...

O ROSTO

É possível olhar o rosto

Levemente envolto

de desejos

(face ou superfície de totalidade).

É possível saber olhar,

a forma absorta,

Mas o lábio vermelho

Assemelha-se a um objeto.

Não é possível tocar

O corpo sem rosto.

O rosto, único vestígio,

de totalidade e infinito.

(PAVIANI, Jayme. Antes da Palavra, 1998, p.59).

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pequenas práticas de saberes II...

É possível criar uma ontologia particular sem citar a Tradição com base na música, no teatro e na poesia, bem como na literatura.

Segundo Nietzsche, a tarefa do saber é: “ver a ciência sob a ótica do artista, mas a arte sob a ótica da vida”. É a dialética entre a Tradição(História) e a Ruptura(indivíduo). Foucault é filho dessa cultura que não precisa pressupor a História para desenvolver a estrutura lógica de seu pensar.

É sabido por todos que, após as duas grandes guerras mundiais, a razão como modelo único entra em crise porque não atendeu as necessidades básicas que levam o homem ao progresso. “A razão é a imperfeição da inteligência”, segundo Tomás de Aquino, pois, fora quem melhor compreendeu a modernidade da modernidade.

A modernidade fracassou por duas maneiras: a pretensão de um estado nação assumir o controle do mundo com a queda do muro de Berlim; depois, com a Física quântica, derrogando a razão positivista que acreditava esquadrinhar todas as coisas, inclusive o átomo.

O Racionalismo frustra a modernidade como também a desigualdade social mundial, isto é, com o desenvolvimento econômico sustentado das nações.

O grande pecado da modernidade foi espiritualizar o material e materializar o espiritual, tornando o consumismo a sua marca fundamental.

Massificação e sociedade de consumo são as razões do capitalismo.

A ciência não foi capaz de dar estabilidade e segurança social frente às imprevisibilidades do futuro. Não é suficiente para integrar o homem à cultura que lhe é própria. Newton e Descartes são as duas pernas com as quais andamos. Newton com a gravidade universal e Descartes com o Método.

Sendo assim, ciência e razão nos conduziram a sofrimentos e a desorientações pela garantia de um progresso tecnológico. Não foi capaz de sanar a sede de saúde, paz mundial, importância antropológica, política, social e histórica. Frustrou as perspectivas de progresso no século XX.

Edgar Morin nos ensina que o dever principal da educação é armar cada um para o combate vital à lucidez.

Do séc. passado recebemos a lição de que “não sabemos tudo de nada”. Lutamos contra nossas pretensões bélicas, econômicas e racionalistas, mas nos esquecemos de promover o bem-estar social, ecológico, político sustentado pelo mundo a fora.

Daí, passamos por uma devastadora crise de paradigma. Os modelos educacionais ou até do próprio conhecimento não dão conta das exigências complexas por que passa a humanidade.

“O conhecimento do mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital. É o problema universal de todo cidadão do novo milênio: como ter acesso às informações sobre o mundo e como ter a possibilidade de articulá-las e organizá-las? Como perceber e conceber o Contexto, o Global ( a relação todo/partes), o Multidimensional, o complexo? Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo, é necessária a reforma do pensamento”(Edgar Morin, in Sete Saberes necessários à Educação do Futuro, pág. 35).

Para Morin, a Reforma é paradigmática e, não, programática. Uma educação que fomente a nossa aptidão para organizar o conhecimento.

Aqui é o ponto: Estamos inseridos numa sociedade altamente tecnológica informatizada, onde a Educação precisa mais do que nunca incluir esses valores para tentar responder as expectativas dos alunos e de uma nova compreensão de mundo. Todavia, como unir velocidade de informações e conteúdos via Internet/meios tecnológicos com a capacidade do aluno introjetar/refletir essas mesmas informações? Ou será que a educação está formando sujeitos de desejos ao invés de sujeitos reflexivos?

Uma alternativa ou uma das alternativas para indicar saídas é favorecer a atividade da arte e da filosofia na Educação, ou seja, implementar ações educativas complementares: jogos; filmes; jornal; teatro; música. Tudo isso unido ao poder da reflexão para possibilitar a descoberta de talentos críticos que contribuam na construção de valores e de preservação do meio ambiente.

A conseqüência de tudo isso foi o nosso afastamento de uma vida contemplativa(razão) para nos familiarizar, agora como nunca, com uma vida ativa, interativa audiovisual e lúdica. O desencanto da razão levou-nos ao encanto da música e dos jogos, isto é, do entretenimento midiático. Eis, no entanto, o desafio: educar toda essa massa humana advinda da cultura do entretenimento para as escolas. Se quisermos impactar crianças, adolescentes e jovens com a Educação basta oferecermos a música e o esporte nesse processo, e depois, formar indivíduos reflexivos, cuja meta é a multiplicação dessas práticas de saberes.


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

www.umasreflexoes.blogspot.com

www.chegadootempo.blogspot.com

www.twitter.com/filoflorania

Pequenas práticas de saberes...

Segundo a tendência racionalista, herdada de Descartes e Spinoza, prevalece o inatismo, pelo qual o sujeito que conhece seria o pólo mais importante no processo do conhecimento.

Conforme a tendência empirista, iniciada com Bacon, Hume e Locke, o sujeito que conhece é passivo, recebendo de fora – da experiência – os elementos para a elaboração do conteúdo mental.

Tais pressupostos de uma educação moderna são oriundos dos conceitos clássicos de Educação:

“A educação deve dar ao corpo e à alma toda a beleza e perfeição de que são capazes”(Platão) – idealista.

“Não há nada na inteligência que antes não se tenha passado pelos sentidos”(Aristóteles) – realista.

As quais se fundamentam num problema antiquiquíssimo, chamado de APORIA: No séc. VI – V a.C., Parmênides disse que nada pode mudar; que, por isso mesmo, as impressões dos sentidos não são dignas de confiança.

Já Heráclito, na mesma época, disse: que tudo se transforma(“tudo flui”) – “panta rei”; que as impressões dos sentidos são confiáveis.

Assim, muitos tentavam, assustadoramente, solucionar o impasse entre razão e sentidos.

Empédocles afirmava que ambos têm razão, pois a água pura será água pura por toda a eternidade e a natureza está em constante transformação. Ele acreditava que a natureza possuía ao todo quatro elementos básicos, também chamados por ele de raízes. Estes quatro elementos eram a Terra, o Ar, o Fogo e a Água. Supera, assim, a dicotomia com uma belíssima síntese entre o imóvel e o móvel, entre o ser e devir.(séc V a.C.).

Immanuel Kant, por sua vez, conhecia muito bem tanto os racionalistas quanto os empiristas e concordava com ambos: o mundo seria exatamente como nós o percebemos, ou como se mostra à nossa razão? Para Kant, não importa o que possamos ver, sempre perceberemos com as “formas da sensibilidade”. Isto significa que podemos saber antes de experimentar alguma coisa, que vamos experimentá-la como fenômeno no tempo e no espaço. Somos incapazes de tirar os óculos da razão!(séc. XVIII d. C.).

Conforme Maria Lúcia de Arruda Aranha, a Educação é um processo que se caracteriza por uma atividade mediadora entre sujeito e objeto, no seio da prática social global.

A Pedagogia é a necessidade sistemática de tornar a prática social global mais eficaz, a fim de definir os fins a serem atingidos.

A Filosofia da Educação acompanha reflexivamente os problemas educacionais.

As Ciências da Educação propõem processos de ensino(sistemas) mais sofisticados que superam o mero empirismo em educação.

As pequenas práticas de saberes supõem tudo isso que dissemos até agora, na medida em que o educador luta contra qualquer tipo de generalização.

Segundo Foucault na Microfísica do Poder, o educador precisa ser um pensador engajado em um trabalho crítico de seu presente, de si mesmo, buscando, por meio da genealogia e da arqueologia as rupturas e descontinuidades que engendram as imagens que temos de nós mesmos, dos outros e do mundo.

Os saberes são fragmentados, compartimentados, enquadrados nas específicas exigências dos indivíduos, por isso mesmo práticos e pequenos que penetram na singularidade da vida.

Parece-me que fora Nietzsche, na segunda metade do século XIX até meados do século XX, a desencadear essa nova modalidade de pensamento. Não segue necessariamente uma escala contínua e progressiva da estrutura do Pensamento, pois rompe com a Tradição para voltar às fontes, às origens da tragédia humana(Dionísio e Apolíneo), a fim de valorizar nossas potencialidades enquanto artistas de pensar o próprio pensamento. Acontece assim, uma ruptura do patrimônio histórico do pensamento humano.


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

www.umasreflexoes.blogspot.com

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www.twitter.com/filoflorania

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poesia o "rosto" que lembra a Filosofia de Lévinas...

O ROSTO

É possível olhar o rosto

Levemente envolto

de desejos

(face ou superfície de totalidade).

É possível saber olhar,

a forma absorta,

Mas o lábio vermelho

Assemelha-se a um objeto.

Não é possível tocar

O corpo sem rosto.

O rosto, único vestígio,

de totalidade e infinito.

(PAVIANI, Jayme. Antes da Palavra, 1998, p.59).

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