quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

MENSAGEM DE DESPEDIDA DO PROF. FLÁVIO JOSÉ AO SAUDOSO RUI PEREIRA...

Entre aplausos e o canto das cigarras...
Prof. Flávio José de Oliveira Silva
A travessia é uma constante no mundo dos viajantes. Partir de um lugar para outro, sem hora marcada de chegada, muitas vezes é uma façanha que conseguimos realizar. Nós, os viajantes, temos as estratégias repentinas de mudanças bruscas e sempre nos encontramos com um porto seguro, mesmo estando em alto mar. Assim, numa dessas travessias da minha vida, consegui me encontrar com Ruy Pereira, num momento em que me acolheu como companheiro de trabalho.
Nosso primeiro contato foi como o último: sentimento de entusiasmo e paixão pelo que fazia. Causou-me admiração seu gesto _ “Vamos fazer muito pela educação. O momento é esse!” Brado de entusiasta e de certezas pelo dever a ser cumprido. O compromisso com o público.
Havia tido rápidos contatos como gestor em outro cenário. Ele Secretário de Saúde e eu como Prefeito no Município de Florânia. Agora, disposto a vir para a capital estudar e mudar o foco da minha vida pessoal, o destino proporcionou este reencontro. Lembro claramente de todas as vezes que nos reunimos com a equipe de Gestão da SEEC e ainda ouço em meus ouvidos suas colocações de apelo aos “companheiros” – como ele tratava a todos, e ou, “meu caro amigo, minha cara amiga” – Vamos botar esta máquina para funcionar, porque a criança, o aluno que está lá na escola, precisa da nossa atitude! Mas, o que mais me marcou em nosso convívio de apenas um ano e poucos dias foi seu companheirismo e respeito com seus pares. Esboçava uma figura de paternidade ímpar que sempre exerceu entre o grupo. Falava como um pai que aconselha, orientava para que o filho ouvido não cometesse erros. Era sempre alerta. Admirava o sentimento de compaixão que ele tinha pelos excluídos, pelos sujeitos de direito, e a esperança de uma sociedade melhor no futuro. Em seus argumentos, ilustrava sempre sua fala com a história de alguém que conhecera em suas andanças como Prefeito em Serra Negra do Norte, na Academia de Medicina ou mesmo na sua prática como Médico. Mas, a sua infância entre os irmãos era sempre presente. Quando se dirigia aos professores, estivemos juntos em diversas oportunidades, sempre acolhia e enobrecia o trabalho docente. Contava minúcias de sua infância difícil no interior, seu ingresso na escola rural, idas e voltas em uma bicicleta com seu irmão Jaime. Dificuldades, lugares distantes e a saudade do pai que tinha que trabalhar fora para dar sustento a casa. Da vida de agricultora que tivera sua mãe, o carinho e o cuidado pela permanência dos filhos na escola, bem como seu orgulho de ter sido aluno de escola multisseriada da zona rural do estado. Contava sem segredos as dificuldades vividas na casa do estudante em Caicó e seu ingresso no curso de Medicina em Recife. Capaz de expressar por lágrimas seus sentimentos, não escondia de ninguém seu espírito inquieto e irreverente: sempre antenado com o moderno e as transformações do mundo.
No dia do seu aniversário, ano passado, em almoço com seus auxiliares, ele fez um pronunciamento e anotei em um guardanapo de papel sobre a mesa, uma verdadeira lição de humanismo. Ele na sua emoção afirmava:
“Resolvi abraçar a causa dos injustiçados, dos oprimidos, porque desde muito novo descobri que havia aquelas pessoas que juntavam muito e pouco usufruíam. E aqueles que juntavam muito, nunca levavam consigo o que juntaram em vida. Resolvi então fazer pelas pessoas, cuidar das pessoas, pensando nelas e no mundo”.
Entre aplausos dos amigos, mensagens de despedidas, numa tarde cinzenta de um Recife em Carnaval, e com muitas lágrimas nos despedimos dele. E, nas árvores da sua nova morada, o cantar das cigarras contemplaram aquele momento da sua nova travessia.

Natal, em 13 de Fevereiro de 2010.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Há governo de esquerda?



Aprendi com Gilles Deleuze que não existe governo de esquerda, ainda mais quando nossas cabeças políticas estão superaquecidas pelo valor econômico. O dinheiro parece ser o problema e a solução para a política atual. Muita coisa, em nosso país, esbarra no dinheiro, na questão monetária como motivos de explicação dos acertos e desacertos na coisa pública.

Problema, quando gera corrupção nas relações escusas de nossos representantes políticos(dinheiro nas meias, nas cuecas, caso mensalão, caixa dois)... Solução, na medida em que investimentos são feitos no campo da saúde, educação, agricultura, lazer que visem não a um bem em si, mas à coletividade proporcionando qualidade de vida do povo brasileiro, sanando assim os direitos à vida, e vida em abundância.

Porém, voltemos a Gilles Deleuze acerca de sua afirmação de que não há governo de esquerda. Diz ele: “O que pode existir é um governo favorável a algumas exigências da esquerda. Mas não existe governo de esquerda, pois a esquerda não tem nada a ver com governo. Se me pedissem para definir o que é ser de esquerda ou definir a esquerda, eu o faria de duas formas. Primeiro, é uma questão de percepção. A questão de percepção é a seguinte: o que é não ser de esquerda? Não ser de esquerda é como um endereço postal. Parte-se primeiro de si próprio, depois vem a rua em que se está, depois a cidade, o país, os outros países e, assim, cada vez mais longe. Começa-se por si mesmo e, na medida em que se é privilegiado, em que se vive em um país rico, costuma-se pensar em como fazer para que esta situação perdure. Sabe-se que há perigos, que isso não vai durar e que é muita loucura. Como fazer para que isso dure? As pessoas pensam: ‘Os chineses estão longe, mas como fazer para que a Europa dure ainda mais?’ E ser de esquerda é o contrário. É perceber... Dizem que os japoneses percebem assim. Não vêem como nós. Percebem de outra forma. Primeiro, eles percebem o contorno. Começam pelo mundo, depois, o continente... Europeu, por exemplo... Depois a França, até chegarmos à Rue de Bizerte e a mim. É um fenômeno de percepção. Primeiro, percebe-se o horizonte”( in Abecedário, letra “G”, gauche, de Gilles Deleuze).

Segundo Deleuze, é muito relativa a noção de esquerda e de direita que, por vezes, admitimos ter. Depende da percepção da realidade que assumimos. Na verdade, na verdade, o que se nota em alguns representantes do povo é um descaso muito grande em relação à identidade de suas posições políticas. Não assumem, de fato, nenhuma identidade. Simplesmente agem por agir, aleatoriamente. Com isso, os partidos políticos acabam perdendo valor e autonomia em meio a essa diluição do sentido político. Esquerda, direita, de centro esquerda ou de centro direita, enfim... É evidente, nesse país, uma incrível falta de percepção política, de visão de mundo. Grande parte de nossos políticos precisam, afinal, revestir-se de autenticidade e de identidade partidário-política, de modo que o eleitor veja a transparência de suas intenções em direção ao povo, à coletividade.

Deleuze vem a calhar aqui porque abre os nossos olhos para os interesses particulares desmedidos e exagerados de alguns políticos de nosso país que partem de si mesmos em direção a si mesmos, numa relação política medíocre de si para si, sem nenhum escrúpulo de que estão ali não por si, mas para todos, para defender os interesses de todos. Muitos só pensam em si, em si, em si... Onde está o povo nessa percepção política?

Jackislandy Meira de M. Silva, Professor e Filósofo.

Não deixem de conferir suas páginas na internet:

www.umasreflexoes.blogspot.com

www.chegadootempo.blogspot.com

www.twitter.com/filoflorania

www.floraniajacksil.ning.com

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MENSAGEM DE DESPEDIDA DO PROF. FLÁVIO JOSÉ AO SAUDOSO RUI PEREIRA...

Entre aplausos e o canto das cigarras...
Prof. Flávio José de Oliveira Silva
A travessia é uma constante no mundo dos viajantes. Partir de um lugar para outro, sem hora marcada de chegada, muitas vezes é uma façanha que conseguimos realizar. Nós, os viajantes, temos as estratégias repentinas de mudanças bruscas e sempre nos encontramos com um porto seguro, mesmo estando em alto mar. Assim, numa dessas travessias da minha vida, consegui me encontrar com Ruy Pereira, num momento em que me acolheu como companheiro de trabalho.
Nosso primeiro contato foi como o último: sentimento de entusiasmo e paixão pelo que fazia. Causou-me admiração seu gesto _ “Vamos fazer muito pela educação. O momento é esse!” Brado de entusiasta e de certezas pelo dever a ser cumprido. O compromisso com o público.
Havia tido rápidos contatos como gestor em outro cenário. Ele Secretário de Saúde e eu como Prefeito no Município de Florânia. Agora, disposto a vir para a capital estudar e mudar o foco da minha vida pessoal, o destino proporcionou este reencontro. Lembro claramente de todas as vezes que nos reunimos com a equipe de Gestão da SEEC e ainda ouço em meus ouvidos suas colocações de apelo aos “companheiros” – como ele tratava a todos, e ou, “meu caro amigo, minha cara amiga” – Vamos botar esta máquina para funcionar, porque a criança, o aluno que está lá na escola, precisa da nossa atitude! Mas, o que mais me marcou em nosso convívio de apenas um ano e poucos dias foi seu companheirismo e respeito com seus pares. Esboçava uma figura de paternidade ímpar que sempre exerceu entre o grupo. Falava como um pai que aconselha, orientava para que o filho ouvido não cometesse erros. Era sempre alerta. Admirava o sentimento de compaixão que ele tinha pelos excluídos, pelos sujeitos de direito, e a esperança de uma sociedade melhor no futuro. Em seus argumentos, ilustrava sempre sua fala com a história de alguém que conhecera em suas andanças como Prefeito em Serra Negra do Norte, na Academia de Medicina ou mesmo na sua prática como Médico. Mas, a sua infância entre os irmãos era sempre presente. Quando se dirigia aos professores, estivemos juntos em diversas oportunidades, sempre acolhia e enobrecia o trabalho docente. Contava minúcias de sua infância difícil no interior, seu ingresso na escola rural, idas e voltas em uma bicicleta com seu irmão Jaime. Dificuldades, lugares distantes e a saudade do pai que tinha que trabalhar fora para dar sustento a casa. Da vida de agricultora que tivera sua mãe, o carinho e o cuidado pela permanência dos filhos na escola, bem como seu orgulho de ter sido aluno de escola multisseriada da zona rural do estado. Contava sem segredos as dificuldades vividas na casa do estudante em Caicó e seu ingresso no curso de Medicina em Recife. Capaz de expressar por lágrimas seus sentimentos, não escondia de ninguém seu espírito inquieto e irreverente: sempre antenado com o moderno e as transformações do mundo.
No dia do seu aniversário, ano passado, em almoço com seus auxiliares, ele fez um pronunciamento e anotei em um guardanapo de papel sobre a mesa, uma verdadeira lição de humanismo. Ele na sua emoção afirmava:
“Resolvi abraçar a causa dos injustiçados, dos oprimidos, porque desde muito novo descobri que havia aquelas pessoas que juntavam muito e pouco usufruíam. E aqueles que juntavam muito, nunca levavam consigo o que juntaram em vida. Resolvi então fazer pelas pessoas, cuidar das pessoas, pensando nelas e no mundo”.
Entre aplausos dos amigos, mensagens de despedidas, numa tarde cinzenta de um Recife em Carnaval, e com muitas lágrimas nos despedimos dele. E, nas árvores da sua nova morada, o cantar das cigarras contemplaram aquele momento da sua nova travessia.

Natal, em 13 de Fevereiro de 2010.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Há governo de esquerda?



Aprendi com Gilles Deleuze que não existe governo de esquerda, ainda mais quando nossas cabeças políticas estão superaquecidas pelo valor econômico. O dinheiro parece ser o problema e a solução para a política atual. Muita coisa, em nosso país, esbarra no dinheiro, na questão monetária como motivos de explicação dos acertos e desacertos na coisa pública.

Problema, quando gera corrupção nas relações escusas de nossos representantes políticos(dinheiro nas meias, nas cuecas, caso mensalão, caixa dois)... Solução, na medida em que investimentos são feitos no campo da saúde, educação, agricultura, lazer que visem não a um bem em si, mas à coletividade proporcionando qualidade de vida do povo brasileiro, sanando assim os direitos à vida, e vida em abundância.

Porém, voltemos a Gilles Deleuze acerca de sua afirmação de que não há governo de esquerda. Diz ele: “O que pode existir é um governo favorável a algumas exigências da esquerda. Mas não existe governo de esquerda, pois a esquerda não tem nada a ver com governo. Se me pedissem para definir o que é ser de esquerda ou definir a esquerda, eu o faria de duas formas. Primeiro, é uma questão de percepção. A questão de percepção é a seguinte: o que é não ser de esquerda? Não ser de esquerda é como um endereço postal. Parte-se primeiro de si próprio, depois vem a rua em que se está, depois a cidade, o país, os outros países e, assim, cada vez mais longe. Começa-se por si mesmo e, na medida em que se é privilegiado, em que se vive em um país rico, costuma-se pensar em como fazer para que esta situação perdure. Sabe-se que há perigos, que isso não vai durar e que é muita loucura. Como fazer para que isso dure? As pessoas pensam: ‘Os chineses estão longe, mas como fazer para que a Europa dure ainda mais?’ E ser de esquerda é o contrário. É perceber... Dizem que os japoneses percebem assim. Não vêem como nós. Percebem de outra forma. Primeiro, eles percebem o contorno. Começam pelo mundo, depois, o continente... Europeu, por exemplo... Depois a França, até chegarmos à Rue de Bizerte e a mim. É um fenômeno de percepção. Primeiro, percebe-se o horizonte”( in Abecedário, letra “G”, gauche, de Gilles Deleuze).

Segundo Deleuze, é muito relativa a noção de esquerda e de direita que, por vezes, admitimos ter. Depende da percepção da realidade que assumimos. Na verdade, na verdade, o que se nota em alguns representantes do povo é um descaso muito grande em relação à identidade de suas posições políticas. Não assumem, de fato, nenhuma identidade. Simplesmente agem por agir, aleatoriamente. Com isso, os partidos políticos acabam perdendo valor e autonomia em meio a essa diluição do sentido político. Esquerda, direita, de centro esquerda ou de centro direita, enfim... É evidente, nesse país, uma incrível falta de percepção política, de visão de mundo. Grande parte de nossos políticos precisam, afinal, revestir-se de autenticidade e de identidade partidário-política, de modo que o eleitor veja a transparência de suas intenções em direção ao povo, à coletividade.

Deleuze vem a calhar aqui porque abre os nossos olhos para os interesses particulares desmedidos e exagerados de alguns políticos de nosso país que partem de si mesmos em direção a si mesmos, numa relação política medíocre de si para si, sem nenhum escrúpulo de que estão ali não por si, mas para todos, para defender os interesses de todos. Muitos só pensam em si, em si, em si... Onde está o povo nessa percepção política?

Jackislandy Meira de M. Silva, Professor e Filósofo.

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