quinta-feira, 17 de maio de 2007

Carta de despedida

A carta
Dia 20 de maio de 2007 completam três anos do meu desligamento das atividades ministeriais da Igreja Católica como Padre Diocesano de Caicó-RN, particularmente da Paróquia de São Sebastião de Florânia. Por essa razão, compartilho dessa carta com todos os amigos e visitantes on line do site: http://www.inforside.com.br/. Carta esta mui importante para as questões problemáticas ainda latentes no seio da Igreja Católica atual, através dela, digo a carta, procurei expressar à Comunidade uma outra escolha, uma outra opção também digna para minha vida, o matrimônio.


Carta de despedida

Jamais experimentei momento por demais difícil em minha vida, como este, o de escrever carta tão significativa. Esta vai endereçada a todos quanto teimam em compreender o ser humano, o ser gente, o ser possibilidade, o ser criado, o ser amado por Deus, sempre outro, pronto para amar. O ser que sou eu, você, nós. Saint-Exupèry nos dizia que toda e qualquer carta são os olhos da alma.
É assim que venho até vocês nesta noite, através de uma simples carta, primeiro para comunicar que fui destituído do cargo de administrador paroquial de Florânia, em seguida para justificar a decisão de afastar-me das atividades do ministério sacerdotal, uma vez que permaneço eternamente padre pelo sacramento da ordem e filho de Deus pelo batismo, depois agradeço por tudo o que Igreja me proporcionou nesses longo treze anos, desde o seminário até aqui.
Tendo em vista a minha felicidade e realização pessoal, não fui surpreendido pela notícia de que não ia mais celebrar em Florânia, pois já pensava seriamente em mudar os destinos da minha vida, como estudar, trabalhar mais, constituir uma família, lutar livremente pelos meus ideais, assumindo minhas convicções, sem que tenha de ser discriminado pela sociedade e por meus superiores.
Assim, no curso da caminhada ministerial, descobrira que a felicidade e uma vida nova estavam batendo na minha porta, ora através de pessoas interessantes que conhecia e amava, ora por meio dos estudos e infindas realizações, mesmo sabendo que isso nada fosse, comparável ao sublime dom de Deus que é ser Padre.
Porém, não querendo mais me privar de tudo que me regozija, me apraz, me satisfaz, fazendo-me ser mais, sublinhando o que já dizia o Prof. Cândido Mendes do Rio de Janeiro: “Queira sempre ser mais, lute contra a inércia da vida”, assumo aqui a minha consciência, não complicando, mas simplificando o que há de mais latente em mim, a liberdade de amar a vida em todos os aspectos. Essa é a minha luta, muito embora acredite e veja que a Igreja também me possibilitou tudo isto, haja vista sua entrega constante aos apelos pela paz, pela justiça social e pela ordem ética. Mesmo assim, sendo perita em humanidade, como afirma João Paulo II, a Igreja continua muito passiva, não tocando em temas congelados, acerca do celibato, do homossexualismo, dos recasados e da presença mais forte da mulher no mundo da Igreja.
Por fim, gostaria de agradecer a imensa bondade com que a Igreja me tratou durante esses anos, por tudo o que me proporcionou a vida toda e, ainda mais, pelas oportunidades dirigidas a mim. Despeço-me com as palavras do Pe. e poeta Michel Quoist que traduzem muito bem esta situação: “Tudo te dei, mas é duro, Senhor. É duro amar toda a gente e não possuir ninguém. É duro apertar uma mão e não poder retê-la”.



Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e filósofo.

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quinta-feira, 17 de maio de 2007

Carta de despedida

A carta
Dia 20 de maio de 2007 completam três anos do meu desligamento das atividades ministeriais da Igreja Católica como Padre Diocesano de Caicó-RN, particularmente da Paróquia de São Sebastião de Florânia. Por essa razão, compartilho dessa carta com todos os amigos e visitantes on line do site: http://www.inforside.com.br/. Carta esta mui importante para as questões problemáticas ainda latentes no seio da Igreja Católica atual, através dela, digo a carta, procurei expressar à Comunidade uma outra escolha, uma outra opção também digna para minha vida, o matrimônio.


Carta de despedida

Jamais experimentei momento por demais difícil em minha vida, como este, o de escrever carta tão significativa. Esta vai endereçada a todos quanto teimam em compreender o ser humano, o ser gente, o ser possibilidade, o ser criado, o ser amado por Deus, sempre outro, pronto para amar. O ser que sou eu, você, nós. Saint-Exupèry nos dizia que toda e qualquer carta são os olhos da alma.
É assim que venho até vocês nesta noite, através de uma simples carta, primeiro para comunicar que fui destituído do cargo de administrador paroquial de Florânia, em seguida para justificar a decisão de afastar-me das atividades do ministério sacerdotal, uma vez que permaneço eternamente padre pelo sacramento da ordem e filho de Deus pelo batismo, depois agradeço por tudo o que Igreja me proporcionou nesses longo treze anos, desde o seminário até aqui.
Tendo em vista a minha felicidade e realização pessoal, não fui surpreendido pela notícia de que não ia mais celebrar em Florânia, pois já pensava seriamente em mudar os destinos da minha vida, como estudar, trabalhar mais, constituir uma família, lutar livremente pelos meus ideais, assumindo minhas convicções, sem que tenha de ser discriminado pela sociedade e por meus superiores.
Assim, no curso da caminhada ministerial, descobrira que a felicidade e uma vida nova estavam batendo na minha porta, ora através de pessoas interessantes que conhecia e amava, ora por meio dos estudos e infindas realizações, mesmo sabendo que isso nada fosse, comparável ao sublime dom de Deus que é ser Padre.
Porém, não querendo mais me privar de tudo que me regozija, me apraz, me satisfaz, fazendo-me ser mais, sublinhando o que já dizia o Prof. Cândido Mendes do Rio de Janeiro: “Queira sempre ser mais, lute contra a inércia da vida”, assumo aqui a minha consciência, não complicando, mas simplificando o que há de mais latente em mim, a liberdade de amar a vida em todos os aspectos. Essa é a minha luta, muito embora acredite e veja que a Igreja também me possibilitou tudo isto, haja vista sua entrega constante aos apelos pela paz, pela justiça social e pela ordem ética. Mesmo assim, sendo perita em humanidade, como afirma João Paulo II, a Igreja continua muito passiva, não tocando em temas congelados, acerca do celibato, do homossexualismo, dos recasados e da presença mais forte da mulher no mundo da Igreja.
Por fim, gostaria de agradecer a imensa bondade com que a Igreja me tratou durante esses anos, por tudo o que me proporcionou a vida toda e, ainda mais, pelas oportunidades dirigidas a mim. Despeço-me com as palavras do Pe. e poeta Michel Quoist que traduzem muito bem esta situação: “Tudo te dei, mas é duro, Senhor. É duro amar toda a gente e não possuir ninguém. É duro apertar uma mão e não poder retê-la”.



Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e filósofo.

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